Creatina: Mitos e Verdades

A creatina é um dos suplementos mais pesquisados e utilizados no mundo do treinamento físico. Apesar da enorme quantidade de estudos que comprovam sua eficácia, ainda existem muitos mitos e informações distorcidas sobre seus efeitos, segurança e forma correta de uso.
Este artigo tem o objetivo de esclarecer, com base científica, as principais dúvidas sobre a creatina — o que é verdade e o que é mito.


O que é a creatina?

A creatina é um composto formado a partir de três aminoácidos: arginina, glicina e metionina. Ela é produzida naturalmente pelo organismo e também pode ser obtida por meio da alimentação, especialmente através de carnes vermelhas e peixes.

Nos músculos, a creatina é armazenada na forma de fosfocreatina, que tem um papel essencial na produção rápida de energia (ATP) durante atividades intensas e de curta duração, como musculação e sprints.
Por isso, sua suplementação é tão popular entre atletas e praticantes de exercícios físicos.


Mito 1: Creatina é um esteroide anabolizante

Esse é um dos equívocos mais comuns.
Mito.
A creatina não é um esteroide, nem tem relação com hormônios. Ela é um nutriente natural, semelhante a vitaminas ou minerais, e não interfere na produção de testosterona ou outros hormônios anabólicos.

Seu efeito vem do aumento da energia muscular e da melhoria no desempenho físico, e não de alterações hormonais.


Mito 2: Creatina faz mal para os rins ou fígado

Durante muito tempo, acreditou-se que a creatina poderia causar sobrecarga renal ou hepática.
No entanto, estudos de longo prazo demonstraram que o uso contínuo de creatina não causa danos em indivíduos saudáveis.
Pesquisas com duração superior a cinco anos mostram que a suplementação com doses entre 3 e 5 gramas por dia é segura.

A única recomendação é que pessoas com doenças renais preexistentes procurem um médico antes de usar — o que vale para qualquer suplemento.


Mito 3: É preciso fazer fase de saturação

Alguns protocolos sugerem consumir 20g de creatina por dia durante uma semana para “saturar” os músculos rapidamente, e depois reduzir para 3 a 5g diárias.
Isso é opcional.

Verdade: a fase de saturação apenas acelera o processo.
Se você preferir tomar 3 a 5g diárias desde o início, vai alcançar o mesmo resultado — só que em 3 a 4 semanas, em vez de uma.
Não há qualquer prejuízo em pular essa fase.


Mito 4: Creatina causa retenção e inchaço

Essa é outra confusão comum.
A creatina realmente aumenta a retenção de água intramuscular, mas isso é positivo: significa que o músculo está mais hidratado e volumoso.
A retenção acontece dentro das células musculares, e não sob a pele. Ou seja, não gera aquele “inchaço” indesejado — apenas melhora a aparência do músculo.

Além disso, essa hidratação celular contribui para melhorar a síntese proteica, favorecendo o ganho de massa magra.


Mito 5: Creatina só serve para quem quer hipertrofia

Falso.
A creatina é útil em diversos esportes, não apenas na musculação. Ela melhora o desempenho em atividades de alta intensidade, como futebol, basquete, natação e corrida curta.

Isso acontece porque ela aumenta a disponibilidade de energia rápida, permitindo que o atleta realize movimentos explosivos com mais eficiência e recupere-se melhor entre os esforços.


Mito 6: Deve ser tomada apenas no pré-treino

Outro erro comum.
A creatina não precisa ser tomada em horário específico. O que realmente importa é a regularidade.
Ela deve ser ingerida todos os dias, mesmo nos dias de descanso, para manter os níveis musculares elevados.

Alguns estudos indicam que o consumo pós-treino pode ter leve vantagem, pois a sensibilidade à insulina está aumentada — o que ajuda na absorção.
Mas, na prática, o mais importante é não esquecer de tomar.


Mito 7: Mulheres não devem usar creatina

Totalmente falso.
A creatina é segura e eficaz para mulheres. Ela não causa aumento de peso indesejado, nem altera hormônios. Pelo contrário, pode melhorar a definição muscular, força e disposição.

Além disso, estudos recentes mostram que a creatina pode ter benefícios neurológicos e cognitivos, especialmente para mulheres em dietas restritivas ou em fase de perda de peso.


Mito 8: Ao parar de tomar, se perde tudo que ganhou

Não exatamente.
Quando a suplementação é interrompida, os níveis de creatina muscular voltam ao normal em cerca de um mês.
Com isso, parte da água intracelular é eliminada, o que pode reduzir ligeiramente o volume dos músculos.
Mas a massa magra conquistada com treino e dieta adequada permanece.

Portanto, parar de tomar não faz você “perder tudo”, apenas reduz o efeito energético e volumizador que a creatina proporciona.


Verdades importantes sobre a creatina

  1. É o suplemento mais estudado e seguro do mercado.
  2. Melhora força, potência e desempenho físico.
  3. Acelera a recuperação muscular.
  4. Pode melhorar o foco e a função cognitiva.
  5. Tem baixo custo e alta eficácia.

Como usar a creatina da forma correta

A forma mais recomendada é a creatina monohidratada pura, pois é a mais estudada e eficiente.
A dose padrão é de 3 a 5 gramas diárias, misturada com água, suco ou junto com uma refeição.
O ideal é manter o consumo diário e contínuo, sem necessidade de pausas.

Evite misturar com cafeína em excesso, pois há indícios de que grandes doses de cafeína possam atenuar seus efeitos (embora os estudos ainda sejam inconclusivos).


Conclusão

A creatina é um suplemento seguro, acessível e eficaz.
Os mitos que cercam seu uso surgem principalmente por falta de informação e pela confusão com substâncias anabolizantes.
Com base nas evidências científicas, é possível afirmar que a creatina é benéfica tanto para iniciantes quanto para atletas experientes, e seu uso adequado traz melhorias reais em força, desempenho e composição corporal.

Usada com responsabilidade, dentro de uma rotina equilibrada de treino, alimentação e descanso, a creatina se torna uma das ferramentas mais poderosas para otimizar resultados no mundo fitness.

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